A Inteligência Artificial Substituirá os Advogados?

A Inteligência Artificial Substituirá os Advogados?

A advocacia é uma das atividades profissionais mais tradicionais e respeitadas do mundo. Essa atividade evolui constantemente e está cada vez mais inserida em praticamente tudo o que ocorre em sociedade, especialmente no campo empresarial.

Assim como as demais profissões, a prática do direito muda porque o contexto, a realidade em que atuamos, também muda, assim como a necessidade dos clientes.

Atuamos fortemente como advogados, mas além disso, e de forma crescente, como membros de comitês, de conselhos e de grupos de trabalho, jurídicos ou multidisciplinares e agregamos valor às estratégias corporativas. Em resumo, agora ajudamos muito mais as empresas e em mais aspectos e modelos de trabalho.

No Brasil, os desafios costumam ser ainda maiores, demandando vigilância e atualização permanente, e novos e maiores diálogos com as empresas e com a sociedade.

Para muitos, corremos o risco de sermos substituídos pela tecnologia, pelos softwares, robôs e algoritmos. No entanto, enganam-se esses ao desconsiderar que a complexidade do mundo real e o impacto de análises e decisões superficiais, apressadas, genéricas ou equivocadas pode ser tremendo, causando enormes prejuízos. Justamente por tais razões, o papel do advogado bem preparado e atualizado é, e continuará sendo, essencial.

A pressa, ansiedade, obsessão pelos custos baixos e excesso de objetividade e simplificação podem até ajudar em alguns casos, mas, via de regra, escondem riscos que poucas vezes são identificados e percebidos de início. Da mesma forma, o excesso da delegação de análises, e até de decisões, à tecnologia (sem o devido cuidado e atenção de humanos experientes), muitas vezes pode levar empresários a correr riscos que sequer conhecem.

Os principais ajustes necessários aos novos tempos decorrem não apenas das mudanças do próprio contexto jurídico em si (como novidades legislativas, jurisprudenciais e doutrinárias,  além da chegada de muitas novas áreas de atuação), como também, e talvez principalmente, das novas formas como a sociedade e as empresas passaram a se relacionar com a advocacia.

Como sabemos, a corrida atrás da segurança é permanente. Quanto mais evoluem e melhoram as legislações e os mecanismos de proteção e de defesa, mais se modernizam, também, as maneiras de se burlar, de esconder, de aumentar riscos e de aumentar fraudes e golpes.

O mundo contemporâneo é cada vez mais dinâmico e ágil, assim como cada vez mais tecnológico e a todo tempo surgem novas áreas na advocacia, e novas maneiras de prestarmos os nossos serviços. Em consequência, surgem novos contextos, novas oportunidades e novos desafios com os quais precisamos conviver, e para os quais temos que nos preparar e organizar.

Uma das grandes mudanças da atualidade decorre da relação das empresas com os riscos, que são cada vez maiores, complexos, globais e, em muitos casos, inerentes ao empreendedorismo. Por isso, é importante conhecer bem os riscos para mapeá-los e encontrar caminhos para a sua adequada gestão, com vistas à possível segurança jurídica.

Inegavelmente, a chegada de várias novas áreas de atuação e de especialização é um fenômeno muito positivo que abre novas frentes de trabalho para os profissionais, especialmente no âmbito corporativo, que exige mais dedicação, esforço, trabalho e investimento. Precisamos estar preparados e atualizados de forma cada vez mais profunda e rápida, o que exige diversas adaptações em nosso jeito de estudar, aprender e atuar.

A realidade profissional exige conhecimento, formação e experiência em dupla dimensão, pois precisamos nos manter especializados e atualizados, mas ao mesmo tempo temos de ser cada vez mais generalistas, para ajudarmos nossos clientes de forma ampla, integrada e sistêmica.

A chamada advocacia do futuro já chegou, pois as demandas são cada vez mais complexas e decorrentes da sociedade contemporânea que convive das mais diversas formas com o mundo globalizado, a tecnologia e os novos desafios corporativos.

O advogado moderno precisa, portanto, ter mais informação, entender outras áreas do conhecimento, adquirir novas competências, trafegar muito bem por toda a nova gama de temas jurídicos corporativos, conviver com a tecnologia, e dela se socorrer para trabalhar.

Ainda, é importante que o advogado entenda cada vez mais de empresas, negócios, gestão de riscos e estratégia. Tudo isso sem perder a consciência de que ferramentas tecnológicas ajudam, mas não nos substituem.

As fusões e aquisições, por exemplo, assim como due diligence, compliance e governança corporativa, bem como os contratos, são crescentemente complexos e usam muito da tecnologia, da automação e do mundo virtual, mas sabemos que nos casos mais sensíveis, importantes e profundos ― que envolvem mais riscos e responsabilidades ― a competência e a experiência dos advogados (humanos) ainda é o grande diferencial.

Fonte: LexLatin